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Ataques da “abelha cachorro” Trigona spp em colmeia de Melipona fulva no Amapá

Por Richardson Frazao

Neste post relatamos um ataque de abelhas Trigona em colmeias de abelhas produtoras de mel Melipona fulva no Amapá.

Apresentação

A Melipona (Michmelia) fulva Lepeletier, 1836, é uma espécie de abelha sem ferrão (Meliponina) que possui ocorrência natural no Estado do Amapá. Sua produção de mel é estimada em 5kg de mel por colmeia, quando bem manejada racionalmente. É uma espécie que possui ampla ocorrência nos ambientes de florestas e savanas do Amapá. Nas áreas de savanas (cerrado) e em fragmentos desse tipo de vegetação, são fácilmente encontradas nidificando em Vitex sp. A savana, é o ambiente mais propicio ao manejo desta espécie e o mais vulnerável atualmente (Frazão, 2019).

Melipona fulva

Desta maneira conhecer as relações ecológicas desta espécie no seu ambiente natural, permite não somente acumularmos informações biológicas, mas também melhorarmos o sistema de manejo em colmeias racionais, para a produção de mel, dada sua  importância socioeconômica para a região Amazônica.

Fiz alguns registros em dois vídeos 1 e 2 na manhã de 09/02/2020 as 09:04 am, ao relatar um ataque de abelhas sem ferrão do gênero Trigona spp provavelmente branneri em uma colmeia de Melipona fulva (jurupará) no Meliponário do Espaço Néctar em Fazendinha, Macapá, Amapá, Brasil.

Após observamos uma nuvem de abelhas atacando a colmeia de M. fulva, espécie tipicamente manejada para a Meliponicultura no Amapá, buscamos intervir no ataque da abelha Trigona aff. branneri, para evitar maiores perdas a população sob manejo na colmeia racional.

No vídeo 1, é possível observar as abelhas guardas de M. fulva impedindo a entrada das agressoras Trigonas na colmeia, e em seguida as duas espécies se agredindo. Uma defendendo (M. fulva) e a outra atacando (Trigona aff. branneri), daí preparamos essa memória para apoiar  nossas observações sobre o manejo dessa espécie de abelha sem ferrão no Amapá.

No vídeo 2, buscamos intervir para frear o ataque das Trigonas. Onde, foi necessário fecharmos a entrada da colmeia atacada (vídeo 1), com um pequeno pedaço de geoprópolis e na sequência preparamos um fumacê com papel “guardanapo”, e auxílio de um isqueiro para afugentar as abelhas agressoras.

https://www.youtube.com/watch?v=DeZtX4Dit1g

Algumas abelhas operárias de M. fulva ficaram fora da colmeia, as quais foram para a batalha com as agressoras trigonas, ao defenderem sua colônia até a morte. Muitas abelhas trigonas, foram mortas por decaptação em uma cena de “guerra entre as abelhas” ao exporem seu comportamento de ataque e defesa.

O ataque das Trigonas foi em massa, onde duas a três abelhas, realizaram ataques em conjunto, as quais aplicavam mordidas com as mandíbulas até a total imobilização da abelha, destruindo asas e a cabeça até a morte da abelha atacada.

É inverno aqui na Amazônia, um período de fortes chuvas, período este que dificulta coleta de alimentos por parte das abelhas sem ferrão. Em função das flores ficaram encharcadas de água e os recursos pólen e néctar lavados pela chuva.

Durante o ataque não percebemos odores fortes das abelhas agressoras, como apresentado nos ataques por abelhas sem ferrão cleptobióticas do gênero Lestrimelitta, que exalam forte odor de limão para facilitar o ataque e roubo a colônia alvo.

Estes registros simples nos ajudam a compreendermos mais, sobre as relações interespecíficas das espécies manejadas em meliponários para a produção de mel no Amapá e na Amazônia.

Referências

FRAZÃO, R. F. Conheça as principais raças de abelhas sem ferrão (Melipona) manejadas via Meliponicultura no Estado do Amapá. 2019.