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Conheça as principais raças de abelhas sem ferrão (Melipona) manejadas via Meliponicultura no Estado do Amapá

InfoNéctar nº015/2019

O post apresenta um pouco sobre a Biodiversidade de Abelhas Sem Ferrão (Meliponini) do Estado do Amapá”

“The post presents a little about the Biodiversity of Stingless Bees (Meliponini) in the State of Amapá”

“Le message présente un peu la biodiversité des abeilles sans dard (Meliponini) dans l’État d’Amapá”

 

Apresentação

Abelhas sem ferrão (Meliponini), ocorrem nas regiões tropical e subtropical da terra, portanto um grupo Pantropical.

Nas florestas tropicais da região Neotropical, essas abelhas ainda são de fácil localização, em função da alta diversidade específica, especialmente na Amazônia brasileira com mais de 300 espécies descritas.

Entretanto, o uso sustentável de algumas dessas espécies é possível, graças a evolução da Meliponicultura. Uma atividade em expansão nas áreas de ocorrência natural das abelhas sem ferrão. O que permite, a conservação das espécies frente o desflorestamento das florestas tropicais da região. As árvores dessas florestas são utilizadas pelas abelhas para nidificação. Nas plantas frutíferas, exercem importante papel ecológico com a polinização.

O grupo das abelhas Melipona spp é o mais utilizado, devido suas espécies serem dóceis e adaptarem-se em colmeias para o manejo.

O Estado do Amapá, localizado no extremo norte do Brasil possui um conjunto de ambientes naturais que se destacam pela suas características em pelo menos oito tipos de vegetação com destaque as florestas e o cerrado. Destacamos também algumas raças de abelhas sem-ferrão quem vem sendo utilizadas no manejo para a Meliponicultura no Amapá e indicamos um volume de mel por colmeia. 

Figura 1. Tipos de vegetação encontrados no território do Estado do Amapá segundo ZEE (IEPA, 2008).

Espécies de Abelhas sem Ferrão Manejadas no Amapá

a. Melipona (Melikerria) compressipes (Fabricius, 1804) – está abelha possui ampla ocorrência nos ambientes de florestas e savanas (cerrado) do Amapá. É a abelha mais conhecida localmente pelo nome vernáculo de Tiúba, Tiúba Rosilha, Uruçú Cinzenta, Uruçú entre outros. A experiência com as Comunidades Quilombolas do Amapá,  apontam para até 7kg de mel produzidos por esta abelha em melgueiras grandes modelo X ou Tucujú (com furos). 

Figura 2 – Abelha uruçú cinzenta (Melipona compressipes). Fotografia Robert Reis (NECTAR/UNIFAP)

b. Melipona (Melikerria) fasciculata Smith 1854 – É uma abelha de interesse ao manejo no Amapá. Tem sido manejada por comunidades do Arquipélago de Ilhas do Bailique, Macapá. Assim, estimamos pelo menos 5kg de mel quando manejada em colmeias racionais, por essa espécie.

Figura 3 – Uruçú cinzenta (Melipona fasciculata). Fotografia: Julio Pupim

c. Melipona (Michmelia) paraensis Ducke, 1916 –  é uma espécie de abelha com ocorrência no Amapá, onde seus ninhos são facilmentes encontrados em árvores de matas alagadas como as florestas de várzeas e florestas de igapó. Percebemos  que, nessas áreas úmidas, esta abelha busca nidificar em árvores como andiroba (Carapa guianensi), e suas colônias se estabelecem  rápidamente em colmeias para o manejo. A experiência com os Povos Indígenas do Oiapoque, apontam para até 7kg de mel dessa abelha a partir de melgueiras grandes modelo X ou Tucujú (com furos).

Figura 4 Uruçú amarela (Melipona paraensis) em entrada de colmeia. Fotografia: Richardson Frazão

d. Melipona (Michmelia) fulva Lepeletier, 1836 – possui ampla ocorrência nos ambientes de florestas e savanas do Amapá. Nas áreas de savanas (cerrado) e em fragmentos desse tipo de vegetação, são fácilmente encontradas nidificando em mameira (Vitex sp). A savana, é o ambiente mais propicio ao manejo desta espécie no Amapá e o mais vulnerável atualmente. A experiência no manejo dessa abelha, junto as Comunidades Quilombolas, já permitiu colhermos até 5 kg de mel por colmeia.

Figura 5. Abelha Jupará (Melipona fulva). Fotografia Robert Reis (NECTAR/UNIFAP)

e. Melipona (Michmelia) captiosa Moure, 1962 – é uma espécie práticamente  não manejada em colmeias racionais no Amapá. Tem forte ocorrência na região centro-oeste do Amapá. Na região da Perimetral Norte, encontramos pelo menos dois agricultores (2004), com ninhos em cortiços nos beirais das casas com essa espécie de abelha.  Aliás, essa espécie foi descrita pela primeira vez a partir de um exemplar coletado no município de  Serra do Navio. Sua descrição foi realizada pelo Sistemata de Abelhas Neotropicais Padre Jesus Santiago Moure em 1962. Não temos informações sobre o volume de mel em colmeias racionais.

Figura 6. Uruçú amarela (Melipona captiosa). Fotografia Robert Reis (NECTAR/UNIFAP)

f. Melipona (Michmelia) lateralis Erichson, 1848 – é uma espécie de matas fechadas, típicas de florestas ombrófilas. Parece ter fácil ocorrência nesses ambientes em função da integridade ambiental das florestas. Os Povos Indígenas ao norte do Amapá e ao norte do Estado do Pará, manejam esta espécie em colmeias rústicas e em cortiços próximo as aldeias. É conhecida como “pinto de velho”  pelo longo tudo de entrada curvado que constroem  nos seus ninhos. Com base na expriência com os Povos Indígenas do Oiapoque e do Tumucumaque estimamos 5kg de mel por colmeia.

Figura 7. Abelha pinto de velho (Melipona lateralis), agregação em mangueira após tranferência para colmeia racional. Fotografia Richardson Frazão

Conheça outras espécies de abelhas sem ferrão que ocorrem no Amapá.

Considerações

Apresentamos algumas das espécies de abelhas sem ferrão do genêro Melipona spp, manejadas no território do Amapá para a produção de mel via Meliponicultura (criação de abelhas sem ferrão) da Amazônia.

Também apresentamos uma estimativa da produção de mel por colmeia sob manejo e os ambientes de ocorrência das espécies no Amapá. A produção de mel pode variar em função das boas práticas no manejo por parte do meliponicultor.

Mas, é necessário destacar que, para o desenvolvimento da Meliponicultura, a escolha da(s) espécie(s) certas é de suma importância. Em função de permitir aos Meliponicultores dominar os aspectos básicos sobre a biologia e as técnicas  de manejo das abelhas sem ferrão de seu interesse. Por isso, orientamos que você comece com as espécies de sua região. Afim de evitar migrar e/ou introduzir espécies fora de sua área de ocorrência natural.

Tais informações básicas apoiam o planejamento e organização da atividade para as espectativas de produzir mel e outros produtos derivados das abelhas sem ferrão na Amazônia brasileira.

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