Contribuições sobre a ecologia de abelhas na Amazônia, Brasil
08/09/2023
Rio de Janeiro – RJ
Por Richardson Ferreira Frazão*
Nesse post apresentamos um breve resumo de nossas últimas publicações acadêmicas sobre as abelhas estudadas na Amazônia nos Estados do Amapá e Pará
São três importantes trabalhos em colaboração com pesquisadores do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA), Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária (EMBRAPA-AP), Universidade do Estado do Amapá (UEAP), Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) e Universidade Federal da Bahia (UFBA). Elas fortalecem a produção acadêmica e nos ajudam a popularizar a ciência regional e do Brasil.
O entusiasmo em desenvolver pesquisas com as abelhas na região é fortalecido, e a partir dessas publicações e de outras que estão em curso com diferentes abordagens, em especial sobre a ecologia e interações com os ecossitemas amazônicos. Nos ajudam a consolidar uma primeira etapa da produção acadêmica a partir do mestrado. E devem seguir com o desenolvimento do doutorado entre outras perspectivas.
No primeiro trabalho buscamos contribuir com o conhecimento da Castanha-da-Amazônia, liderado pelo pesquisador Dr Marcelino Guedes (EMBRAPA-AP) que desenvolve importantes pesquisas sobre a ecologia da Castanha-da-Amazônia, especialmente na região sul do Amapá na RESEX Cajari. Abordamos indicadores da diversidade de abelhas (Figura 1 a, b, c) que ocorrem na região, por ser uma importante área de ocorrência de espécies de abelhas sem ferrão, entre outros indicadores que envolvem o papel das comunidades e extrativistas como verdadeiros guardiões desses patrimônios. O trabalho intitulado “Serviços ecossistêmicos da floresta com castanheiras e serviços ambientais prestados pelos agroextrativistas – manejadores e guardiões da floresta em pé“, está no Capítulo 11 do Volume 1 que trata dos Aspectos sociais, econômicos e organizacionais do livro Castanha da Amazônia.
Figura 1 Abelhas registradas em áreas de castanhais na RESEX Cajari em Laranjal do Jari – AP em fevereiro de 2023. Em a) ninho de abelhas sem ferrão em castanheira (Bertholletia excelsa Bonpl), b) Abelha sem ferrão Melipona paraensis pousada em folha, c) Abelha Eulaema spp (Euglossini) capturada por comunitário na Comunidade do Marinho. Mosaico de fotos: R. Frazão
No segundo trabalho contribuimos no estudo de subtâncias químicas de três espécies de abelhas sem ferrão (Meliponini), amplamente ocorrentes no Estado do Amapá, as quais vem sendo manejadas pela Meliponicultura (criação racional de abelhas sem ferrão na Amazônia). Essas abelhas possuem vários subprodutos como o geopropólis, cujas propriedades químicas são minimamente conhecidas e aplicadas em prol de estratégias de agregação de valor comercial para consolidar a atividade na Amazônia, gerar renda e a conservação da biodiversidade local. O trabalho foi captaneado pelo Dr Darlan Coutinho dos Santos (UEAP) a partir do seu pós-doutorado desenvolvido na Universidade Federal da Bahia – UFBA. Os testes avaliaram que o geopropólis da abelha Melipona paraensis (Figura 2) foi 60% eficaz contra bactérias do gênero Staphilococus spp. Os geopropólis de M. fulva (jandaíra) e M. compressipes (tiúba, uruçu cinzenta) não foram ativos nos testes nesse estudo. Isso abre uma perspectiva de melhoria no manejo da abelha M. paraensis em colmeias racionais para um aproveitamento dessa matéria prima, ao possibilitar estudos na área de farmácos com desenvolvimento de novos medicamentos a partir de suas propriedades. O trabalho intitulado “CHEMICAL CONSTITUENTS AND ANTIBACTERIAL ACTIVITY OF THREE TYPES OF AMAZONIAN Melipona spp. GEOPROPOLIS“ pode ser acessado na revista Quimica Nova, Vol. XY, No. 00, 1-5, 200_ ou http://dx.doi.org/10.21577/0100-4042.20230096
O terceiro trabalho trata dos hábitos de nidificação de uma abelha solitária Diadasina paraensis (Ducke, 1912) (Figura 3 a, b, c, d) que utiliza locais úmidos na margem de afluentes do Rio Amazonas, para construir seus ninhos agregados. O interessante é que, espécies desse grupo de abelhas (Emphorini) apresentam padrões similares na arquitetura dos ninhos. E essas abelhas tem a capacidade de voltar a nidificar nos mesmos locais durante anos. Por isso a importância de preservar seus locais de nidificação para conservação das espécies. Utilizam recursos florais de uma gama de espécimes ao auxiliarem na polinização. O trabalho intitulado “First nesting site record and observation of nesting behavior of the bee species Diadasina paraensis (Ducke, 1912) (Hymenoptera, Apidae, Emphorini)” foi publicado como nota cientifica na revista Entomological Comunications de acesso livre e pode ser acessado pelo doi: 10.37486/2675-1305.ec05017
Essa é uma sintese de nossas contribuições acadêmicas com as abelhas na Amazônia brasileira. Espero que tenham gostado dos trabalhos, para popularizar a ciência e incentivar que novos estudos sejam desenvolvidos com as temáticas apresentadas por jovens pesquisadores que estão chegando. Obrigado!
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*É pesquisador associado no Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá – IEPA. Doutorando Profissional no Programa de Biodiversidade em Unidade de Conservação na Escola Nacional de Botânica Tropical – ENBT / Instituto de Pesquisa Jardim Botânico Rio de Janeiro – IJBRJ. CEO na https://nectarconsultorianaamazonia.org/
e-mail: ric_frazoni@hotmail.com
Parabéns Richardson,
Estou entrando em um projeto para implantação de SAF e já conversei sobre vc e as abelhas no processo.
Em breve entrarei em contato sobre o assunto p tratar de talvez um trabalho junto.
abração.
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