Reserva Biológica do Lago Piratuba promove Intercâmbio para troca de experiências em Meliponicultura e Manejo de Açaí em Macapá

Por Richardson Frazão

Nos dias 06, 07 e 08 de setembro de 2022 foi realizado um intercâmbio para troca de conhecimentos sobre a Meliponicultura e o Manejo de Açaí em Macapá. As atividades buscaram complementar a capacitação de moradores da Reserva Biológica do Lago Piratuba – REBIO Piratuba, que é uma Unidade de Conservação federal gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBIO (www.gov.br). A Unidade está localizada no Bioma Amazônia a leste do Estado do Amapá e possui uma área de 392.474,85 hectares.

Em 2019 o Conselho da Unidade de Conservação deliberou a implentação de atividades socioprodutivas para fortalecer a geração de renda a partir de alternartivas sustentáveis. Com isso buscou apoiar e capacitar os moradores de três comunidades Tabaco e Milagre de Jesus que ficam no Rio Araguari e a comunidade Araquiçaua (setor atlântico) na zona costeira do Amapá. Assim, um projeto piloto com atividades de baixo impacto para o uso dos recursos naturais da UC está em implementação.

A partir dos esforços empreendidos pelo ICMBIO/REBIO Lago Piratuba e a parceria técnica com a Néctar Consultoria, buscou-se facilitar a implementação da Meliponicultura (criação de abelhas sem-ferrão) bem como o plantio e o Manejo de açaí na região como uma estratégia piloto na Reserva Biológica. As atividades iniciaram com um diagnóstico socioambiental, capacitações, implementação de meliponários e três áreas piloto de manejo de açaí. Um total de pelo menos 20 comunitários aderiram as iniciativas fomentadas com recursos do ARPA em parceria com FUNBIO.

Após 14 meses de implementadas as ações buscou-se relizar um intercãmbio para troca de conhecimentos dos comunitários das três comunidades da REBIO Lago Piratuba com os Quilombolas Meliponicultores de Mel da Pedreira e uma visita orientada ao Meliponário do Bioparque da Amazônia sobre a Meliponicultura desenvolvida em Macapá. Os mesmos também tiveram a oportunidade de conhecer o Laboratório de Entomologia de Ecossistemas do IEPA, onde receberam uma palestra do pesquisador Dr. Alexandre Jordão (entomologista) sobre insetos pragas de cultura agrícolas do Amapá e observaram abelhas em lupa para reconhecerem facilmente a principal espécie de abelha indicada para criação racional no baixo Araguari.

Durante a programação do intercâmbio os produtores tiveram também a oportunidade conhecer uma agroindústria de beneficiamento de açaí (Acaí Tropical Amazon) facilitada pelo engenheiro de produção Airton Medeiros (UPA Engenharia). Também visitaram uma propriedade de manejo do açaí em área de várzea localizada no Igarapé da Fortaleza monitorada pela EMBRAPA-AP com a facilitação do pesquisador Dr. Walter Paixão e do produtor Geovane Dias da Fonseca.

Para a gestora e analista ambiental da REBIo Lago Piratuba Patricia Pinha, foi uma oportunidade rica de os comunitários conhecerem mais a respeito da organização social em torno da produção e beneficiamento de açaí para o mercado e também dos aspectos de conservação dos recursos naturais como a abelhas sem-ferrão e seu manejo em meliponários. Essas atividades são totalmente compatíveis com a Unidade de Conservação que vem buscando construir uma agenda a partir dos acordos firmados entre a UC e os moradores.

Para Eduardo Nascimento da comunidade do Tabaco a experiência foi exitosa especialmente a respeito do manejo das abelhas sem-ferrão, devido o mel ter uma boa aceitação pelas pessoas e o intercâmbio deixou isso bem claro. “Pretendo organizar e ampliar as matrizes que recebemos pelo projeto na REBIo onde estamos manejando abelhas na comunidade do Tabaco e em breve pretendo ter um meliponário bem organizado e de referência na região com pelo menos 200 colmeias”. Enfatiza Edu.

Para Francinete Souza moradora da comunidade do Araquiçaua a experiência do intercâmbio mostrou que a produção de mel e açaí devem ser trabalhadas em conjunto e as duas estão sendo organizadas pelos moradores da comunidade. “Nós queremos expadir tanto a produçao de mel como de açaí”. Enfatizou Francinete.

Para Andreane Gonçalves da comunidade de Milgre de Jesus a experiência permitiu conhecer mais de perto como é realizada a produção de mel nos meliponários e de como o açaí tem uma grande demanda de frutos para as indústrias que processam e produzem vários produtos como sorvetes e polpas congeladas. “De maneira geral o intercâmbio permitiu conhecer como a organização social em torno das duas atividades do mel e do açaí precisam envolver as pessoas das próprias comunidades para que a inciativa possa dar resultados mais concreto para todos os envolvidos” Enfatizou Andreane.

Para Richardson Frazão, facilitador do intercâmbo e coordenador da Néctar Consultoria as atividades buscaram integrar as ações que estão em curso com o projeto na REBIO Lago Piratuba, onde buscaremos com ajuda especialmente dos moradores fortelecer e organizar a expansão das ações para construir indicadores socioambientais de uso dos recursos naturais a partir da produção de mel e açaí na região. Também é uma maneira positiva de incrementar a renda com essas atividades e inserir os produtores na economia da floresta. A Meliponicultura é uma ferramenta poderosa para essa concientização e resultados produtivos importantes com o mel e os serviços das abelhas.

Na quinta-feira 08/09/2022 o itercâmbio contou com os alunos da Escola Família Agroextrativista do Carvão – EFAC sob orientaçao da professora Angélica Souza da Costa, eles participaram da agenda em função das mesmas atividades estarem sendo implementadas nas comunidades onde moram os alunos apoiados pela Associação Nossa Amazônia – ANAMA.

Confira a programação completa do intercâmbio!

05092022-Programacao_Intercambio_Rebio_Mel_Acai

Agredecemos as Instituições que apoiaram o intercâmbio