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Urutamano Apalai e o uso sustentável das abelhas nativas na Aldeia Itapeky, Parque Indígena do Tumucumaque, Amazônia, Brasil (relatos)

InfoNéctar nº014/2019

Neste último domingo (14/04/2019), recebemos importante visita no Espaço Néctar da Amazônia do indígena Urutamo Apalai (28 anos) da Aldeia Itapeky do Parque Indígena do Tumucumaque, norte do Estado do Pará.
Esta visita representa um grande indicador para a conservação e uso sustentável das abelhas nativas por populações indígenas no norte do Estado do Pará, fruto do trabalho iniciado no Parque Indígena do Tumucumaque  em 2017, com apoio da Associação dos Povos Indígenas Apalai e Wayana (APIWA)/Instituto de Pesquisa e Formação Indígenas – Iepé, pelo projeto Bem Viver Sustentável. Confira aqui https://nectarconsultorianaamazonia.org/uso-das-abelhas-sem-ferrao-no-parque-indigena-do-tumucumaque-norte-do-estado-do-para-brasil/?v=7516fd43adaa.

‘Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo’. (Paulo Freire)

Urutamo nos relata que após a capacitação recebida na Aldeia Bona, regressou para sua Aldeia Itapeky. Lá ele mapeou os ninhos  (pesquisa-ação) e resgatou pelo menos 30 colônias de abelhas nativas Melipona, conhecida na língua Apalai como kuxikuxi amo (uruçú cinzenta), árvore mais utilizada pelas abelhas para nidificação segundo Apalai, foi a andiroba (Carapa guianensi). Os materiais para o trabalho foram apoiados pela Associação dos Povos Indígenas Apalai e Wayana (APIWA)/Instituto de Pesquisa e Formação Indígenas – Iepé, pelo projeto Bem Viver Sustentável.

Empreendedorismo Consciente e Sustentável

Urutamano Apalai nos relatou que já comercializou os primeiros 10 litros de mel oriundos dos suas colmeias e que pretende ampliar seu maliponário a casa das abelhas (Ano tapyiny).
A visita ao Espaço Néctar da Amazônia, foi para tirar dúvidas em função de algumas perdas de colônias, pelo ataque das moscas (Forídeos), o que fez perder 10 colônias do seu plantel e agora consta somente com 20 colmeias. “Ainda estou aprendendo o manejo da nossa abelha” Enfatiza Apalai.
Ainda sim, ele demonstrou estar muito feliz em ter conhecido o manejo das abelhas nativas do seu território, o que permitiu implantar o projeto na sua Aldeia Itapeky com maior segurança.

“Usamos o mel na alimentação com farinha e tomamos para gripe. Agora vou manter as abelhas perto da minha casa e ensinar meu filho de cinco anos que abelha faz o bem pra nós, temos muitas abelhas e tem muito ninho na floresta perto das nossas aldeias, a gente não sabia como manejar, só tirava o mel e as vezes colocava em caixa de madeira. Agora preciso aprender a multiplicar os ninhos daí não vamos mais tirar dos troncos,  pra ter sempre abelha na aldeia” Enfatizou Urutamano Apalai.

Iniciativa Sustentável

A iniciativa de levar a Meliponicultura para o Parque Indígena do Tumucumaque foi de Cecile Apalai presidente da Associação dos Povos Indígenas Apalai e Wayana (APIWA), em visita a Comunidade Quilombola de Mel da Pedreira. Na ocasião da visita foi possível registrarmos essa belíssima fotografia de Elizeu Cirilo-Neto por Evandro Bernardi (Iepé), que faz parte da campanha Abelhas Nativas para Conservação da Amazônia.

A expedição no Parque Indígena do Tumucumaque ocorreu entre os dias 07 a 15 de julho de 2017. As atividades se deram pelo Projeto Bem Viver Sustentável apoiado pelo Fundo Amazônia/BNDES, implementado pelo Instituto de Pesquisa e Formação Indígenas – Iepé em parceria com a Associação dos Povos Indígenas Apalai e Wayana – APIWA, organização presidida por Cecilia Apalai. Os trabalhos foram intensos e tiveram o apoio da equipe de campo do Iepé, e dos indígenas em parceria com a FUNAI, ao buscar a implementação de iniciativas sustentáveis para a região.

Encerramento da expedição ao Parque Indígena do Tumucumaque em frente a Tukusipan (prefeitura) na  Aldeia Bona durante curso de formação em Meliponicultura julho/2017. Foto: Equipe Iepé.

Depois da atividade tomamos açaí na tigela

Açaí na tigela